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Perdão após traição é possível? Entenda o impacto e as escolhas

Atualizado: 10 de ago.

A infidelidade é uma das experiências mais dolorosas que um relacionamento pode atravessar. Ela abala não apenas a confiança no outro, mas também a segurança emocional, a autoestima e a visão que temos de nós mesmos e do amor. É por isso que a pergunta “Devo perdoar?” costuma surgir com tanta força — e tanta confusão.


Como terapeuta de casais e desenvolvimento emocional, compreendo que essa não é uma decisão simples, muito menos rápida. O perdão após traição não é uma obrigação nem um caminho único. Ele é um processo. Um caminho que pode — ou não — ser trilhado, dependendo da sua história, dos seus valores e do que você deseja para si.

Fui traída, devo perdoar

Neste artigo, vamos refletir sobre essa questão a partir de três eixos: o impacto emocional da traição, os caminhos possíveis do perdão e os critérios para decidir se vale a pena reconstruir o vínculo.


Também traremos contribuições de autores como Esther Perel, John Gottman, Robert Enright, Hannah Arendt, Carl Rogers e Lewis B. Smedes, além de orientações práticas da Terapia de Casal.


A dor real da traição: o impacto emocional


A traição desorganiza não só o vínculo amoroso, mas a própria percepção de valor pessoal. É comum surgir uma cascata de emoções intensas: raiva, tristeza, medo, culpa, vergonha. Para muitos, a dor da traição não está apenas no ato em si, mas no abalo da identidade. Em meio à dor, é comum que surjam pensamentos como:


  • “Onde foi que eu errei?”

  • “O que faltava em mim?”

  • “Será que eu não fui suficiente?”


A terapeuta belga Esther Perel, referência mundial em relações conjugais, afirma que a infidelidade é uma ruptura que nos obriga a repensar o amor, o compromisso e até quem somos. Em seu livro "The State of Affairs", aponta que a infidelidade mexe com nosso senso de identidade:

“A traição fere não só por quebrar um acordo, mas porque ela nos obriga a questionar quem somos, quem fomos e quem seremos com — ou sem — aquela pessoa.”

Perdoar não é esquecer — é escolher seguir em paz


Perdoar não é o mesmo que esquecer, justificar ou continuar no relacionamento. Segundo o psicólogo Robert Enright, um dos pioneiros nos estudos sobre perdão, trata-se de uma escolha consciente de libertar-se do ressentimento, ainda que a outra pessoa não peça perdão ou não mude seu comportamento.


O perdão genuíno é interno. Ele acontece quando, aos poucos, a dor vai sendo ressignificada e o sofrimento perde força. No entanto, perdoar não implica permanecer no relacionamento. Você pode perdoar e ainda assim decidir seguir sozinho. O essencial é se libertar do peso que a mágoa impõe.


O perdão verdadeiro é, acima de tudo, um presente que você dá a si mesmo. Nas palavras de Lewis B. Smedes:

“Perdoar é libertar um prisioneiro e descobrir que o prisioneiro era você.”

É possível reconstruir a confiança depois da traição?


Sim — mas não é fácil — e nem sempre é o caminho mais saudável. A confiança é uma estrutura emocional que, quando abalada, exige reconstrução cuidadosa, passo a passo. O psicólogo John Gottman, referência em estudos conjugais, afirma que é possível restaurar vínculos quebrados, desde que haja:


  • Arrependimento genuíno

  • Transparência

  • Assunção de responsabilidade

  • Mudanças de comportamento


Conforme Gottman, os "pequenos gestos de conexão" diários são fundamentais para reconstruir a segurança emocional. Mas ele alerta: isso só funciona se ambos estiverem comprometidos com o processo.


A confiança não retorna com promessas — ela se reconstrói com atitudes consistentes ao longo do tempo.

“Relacionamentos se curam por meio de centenas de pequenos momentos de reconexão.” — John Gottman.

E quando o perdão após a traição não é a melhor escolha?


Perdoar não é o único caminho. Em alguns casos, seguir em frente sozinho é o gesto mais respeitoso consigo mesmo. Se a infidelidade for parte de um padrão contínuo de desrespeito, mentira ou abuso, insistir na relação pode representar negligência emocional.


A filósofa Hannah Arendt, em A Condição Humana, lembra que o perdão é uma capacidade humana poderosa, mas que:

“Jamais deve ser usado para perpetuar relações abusivas, desiguais ou desrespeitosas.”

Se a traição se repete, se não há arrependimento, se a pessoa insiste em minimizar o ocorrido ou transferir culpa, talvez não haja mais espaço para reconstrução. Nesse caso, a escolha mais saudável pode ser encerrar o vínculo com dignidade e autocuidado.


Como saber o que é melhor para você?


Aqui estão perguntas que podem ajudá-lo(a) no seu processo de decisão:


1.     Antes da traição, o relacionamento era saudável?

Havia respeito, afeto, parceria ou sinais de desequilíbrio e afastamento?


2.     A pessoa que traiu reconhece a gravidade do que fez?

Está disposta a ouvir, mudar e se responsabilizar?


3.     Você consegue se imaginar retomando a confiança com essa pessoa?

Ou o simples pensamento disso já é doloroso demais?


4.     Como está sua autoestima hoje?

Você sente que perdeu a conexão com sua força interior?


5.     Você quer investir nesse processo?

Perdoar — e reconstruir — exige energia emocional, tempo e apoio terapêutico.


A sinceridade com essas respostas pode revelar muito sobre o que você realmente deseja.


O papel da terapia no perdão após traição


A Terapia de Casal é um espaço seguro para que ambos expressem suas dores, escutem um ao outro com mais presença e compreendam as causas profundas do que ocorreu. Ela pode ajudar:


  • A pessoa que foi traída a curar a ferida emocional e resgatar sua autoestima

  • A pessoa que traiu a assumir responsabilidade sem culpar o outro

  • O casal a decidir juntos se querem ou não reconstruir o vínculo


Além disso, a terapia individual para quem foi traído também é valiosa, especialmente para processar a dor, o luto e as inseguranças que a traição ativa. Como disse Carl Rogers:

“O curioso paradoxo é que, quando me aceito como sou, então posso mudar.”

Aceitar suas dores é o primeiro passo para transformá-las. A terapia auxilia na reconstrução da autoestima, no resgate da confiança interna e na elaboração da perda.


Perdoar é libertar a si mesmo(a)


Ao contrário do que se pensa, o perdão não é um presente para quem traiu. É um ato de liberdade para quem foi ferido. Quando você perdoa, não está dizendo que o que aconteceu foi aceitável — está escolhendo não carregar mais esse peso.

O autor Lewis B. Smedes, no livro The Art of Forgiving, escreve:

“Perdoar é libertar um prisioneiro e descobrir que o prisioneiro era você.”

Perdoar pode ser o início de uma nova fase — com ou sem a outra pessoa. O que importa é que essa escolha seja feita com consciência, presença e respeito pela sua história.


Mesmo quando o outro não merece, você pode escolher não carregar mais essa dor dentro de si. Perdoar não é esquecer — é transformar. E se você escolher seguir em frente, que isso seja com paz, clareza e amor-próprio renovado.


Conclusão: o mais importante é o seu bem-estar emocional


Não existe uma resposta certa para a pergunta "Devo perdoar?". Existe o seu processo, a sua história, o seu tempo. A traição não define quem você é — e não precisa definir o seu futuro.


Seja qual for sua decisão, permita-se cuidar da sua saúde emocional. E lembre-se: você não está só. No Instituto Hiddes, acolhemos sua dor com respeito e acompanhamos seu processo com consciência e profissionalismo.


Seu futuro não precisa repetir a dor do passado. Você merece ser amado(a) com respeito, presença e verdade.

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