Quantas pessoas você leva para a cama? Uma reflexão sobre sexualidade, crenças e identidade feminina.
- Leila Vieira
- há 5 dias
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Atualizado: há 5 dias
Um susto necessário
“Quantas pessoas você leva para sua cama?”Essa pergunta, quando feita em meu consultório, causa espanto — especialmente entre as mulheres. A reação é quase sempre a mesma: olhos arregalados, silêncio desconfortável e um tímido: "Como assim?"

O que parece uma provocação é, na verdade, um convite à consciência.
A história que você carrega sem perceber
Gosto muito de uma frase do Tony Robbins que resume bem o que observo no dia a dia clínico: “A única coisa que impede você de obter o que deseja é a história que continua contando a si mesmo.”
Essa história é feita de crenças limitantes — muitas vezes inconscientes — que moldam nossa percepção da realidade, nossas emoções e nossas ações. Elas não surgem do nada: vêm da nossa família, da religião, da cultura e da forma como fomos educadas.
O que você aprendeu sobre sexo... ainda está na sua cama
Quando faço essa pergunta, não estou falando de múltiplos parceiros. Estou perguntando quais vozes do passado ainda estão ali, entre seus lençóis.Seu pai, sua mãe, sua avó, sua professora, o padre, o pastor…
Tudo o que disseram sobre o que é “certo”, “errado”, “pecado” ou “vergonhoso” está presente no seu corpo e na sua experiência sexual. Esses ensinamentos, mesmo que silenciosos, são os fantasmas que muitas vezes paralisam, bloqueiam e sabotam.
As marcas da repressão na sexualidade feminina
No consultório, escuto histórias de mulheres que sofrem com:
Baixo ou nenhum desejo sexual
Dificuldade de alcançar o orgasmo (anorgasmia)
Vaginismo (contrações involuntárias que impedem a penetração)
E quando investigamos mais fundo, a origem quase sempre está na educação sexual repressora e nos tabus internalizados desde a infância.
O cérebro também leva memórias para a cama
A neurociência mostra que experiências de repressão, vergonha ou medo — principalmente na infância — ficam registradas em áreas do cérebro como a amígdala e o hipocampo.Essas marcas inconscientes ativam respostas de alerta, tensão ou desconexão mesmo em momentos seguros, como durante o sexo com um parceiro amoroso.
É aí que o desenvolvimento emocional entra como chave de transformação. Ao ampliar a consciência sobre essas crenças e emoções, a mulher começa a se reconectar com seu corpo, seu desejo e sua autonomia — com leveza, presença e respeito à sua própria história.
A mulher que se distancia de si mesma
Quando uma mulher vive a sexualidade baseada em estereótipos e repressões, ela rejeita partes importantes de si mesma — sua força, sua autonomia, seu prazer.
Essa desconexão interna gera frustração, insegurança, conflitos nos relacionamentos e uma sensação de inadequação constante.Ela não sabe, mas está lutando contra as vozes antigas que nunca foram suas de verdade.
Precisamos falar sobre educação sexual com consciência
Enquanto não houver espaço para uma educação sexual sólida, respeitosa e realista, muitas mulheres continuarão levando para a cama não apenas seus parceiros, mas também os julgamentos que aprenderam a reproduzir.
E você? Quantas pessoas você leva para a cama sem perceber?
Vamos conversar sobre isso?
Se esse texto tocou algo em você, compartilhe, comente ou envie para alguém que pode se beneficiar dessa reflexão.Seu corpo merece ser um lugar de presença, não de prisão.
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