Por que repito padrões emocionais nos relacionamentos? Compreenda e quebre o ciclo da dor
- Ricardo Vieira

- 13 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de ago.
Você já teve a sensação de estar sempre vivendo o mesmo enredo afetivo, como se mudasse o personagem, mas a história terminasse igual? Escolhas que se repetem, relações que machucam, expectativas que se frustram. Você promete a si mesmo(a) que será diferente — e, ainda assim, se vê preso(a) aos mesmos padrões emocionais nos relacionamentos.

Essa é uma das questões mais frequentes nas terapias individuais ou de casal que são realizadas no Instituto Hiddes — presencial ou online. E a resposta não está na sorte ou na ideia de que “você atrai pessoas erradas”, mas sim em uma engrenagem emocional que opera silenciosamente dentro de você. É sobre o que você aprendeu a esperar do amor, sobre as feridas que tenta curar, e sobre o quanto o passado pode se infiltrar no presente sem que você perceba.
Vamos explorar juntos essa dinâmica, trazendo luz para um tema essencial do Desenvolvimento Emocional.
O papel do inconsciente nas escolhas afetivas
Sigmund Freud, pai da psicanálise, afirmou:
“O inconsciente é o grande regulador da nossa vida.”
Isso significa que, muitas vezes, quem escolhe nossos parceiros(as) não é nossa parte racional, mas sim nosso inconsciente — alimentado por memórias, carências e modelos afetivos vividos, sobretudo na infância.
Se você foi condicionado(a) a acreditar que precisa se esforçar para ser amado(a), pode acabar se atraindo por quem exige esse esforço. Se teve experiências de abandono ou rejeição, pode buscar pessoas emocionalmente indisponíveis como uma tentativa inconsciente de “corrigir” a dor original.
Esse processo, conhecido como repetição compulsiva, foi estudado por Freud e aprofundado por teóricos como John Bowlby e Harville Hendrix. Eles demonstraram como o ser humano tende a reviver, nos relacionamentos adultos, os padrões afetivos que marcaram sua infância.
Atração pelo conhecido, mesmo que doloroso
John Bradshaw, autor de “Healing the Shame That Binds You”, explica que, mesmo que os padrões sejam disfuncionais, o cérebro se sente mais seguro com o que já conhece. Isso é chamado de homeostase emocional: uma tendência a buscar equilíbrio dentro do que é familiar — mesmo que isso signifique sofrimento.
É como se, inconscientemente, você dissesse: “Eu sei lidar com isso, porque foi assim que aprendi a amar.” É por isso que tantas pessoas sentem-se atraídas por parceiros(as) que as fazem reviver vínculos marcados por ausência, crítica ou rejeição.
A ferida do abandono e o desejo de reparação
A psicologia do apego mostra que uma das feridas emocionais mais profundas é o abandono. Quando essa dor não é curada, muitas vezes buscamos relacionamentos que recriem esse abandono, numa tentativa inconsciente de superá-lo.
Harville Hendrix, em “Getting the Love You Want”, chama esse movimento de “poder de atração do ferimento”. Ele afirma que escolhemos parceiros(as) que têm características semelhantes às figuras que mais nos frustraram na infância, na esperança de, dessa vez, sermos amados de um jeito diferente.
O problema? Sem consciência, caímos novamente no mesmo ciclo de dor.
Autossabotagem e baixa autoestima
Outro fator que alimenta a repetição de padrões é a autossabotagem. Pessoas com baixa autoestima tendem a aceitar menos do que merecem, permanecendo em relações que reforçam sua insegurança.
Como diz Brené Brown, autora de “A Coragem de Ser Imperfeito”:
“Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos.”
Assim, criamos ciclos onde confirmamos a visão distorcida que temos de nós mesmos: “Não sou digno de amor saudável.” Isso mantém a ferida aberta e ativa.
Reconhecer que dentro de nós existem forças opostas pode ser o primeiro passo para integrar luz e sombra e encontrar equilíbrio.
Como quebrar o ciclo dos padrões emocionais nos relacionamentos?
A boa notícia é: padrões podem ser transformados. A repetição não é destino. Com consciência, acolhimento e apoio terapêutico, é possível construir novas formas de se relacionar.
1. Autoconhecimento
Reserve um tempo para observar seus relacionamentos passados. Que tipo de pessoa você tende a escolher? Que emoções predominam nessas relações? Medo, insegurança, dependência? Escrever sobre isso pode ajudar a enxergar padrões com mais clareza.
2. Terapia individual ou de casal
O processo terapêutico é um dos caminhos mais eficazes para curar feridas emocionais profundas. No Instituto Hiddes, utilizamos ferramentas como Mindfulness, Hipnoterapia e Psicologia Positiva para ajudar o paciente a identificar suas crenças, se reconectar com sua essência e transformar sua forma de amar.
3. Cuidado com a autoestima
A autoestima não é luxo — é base. Quando você começa a se valorizar de verdade, seus critérios mudam. Você deixa de aceitar migalhas e começa a buscar relações com afeto, respeito e presença. Como dizia Louise Hay:
“O amor-próprio é a base para todos os outros amores.”
4. Estabeleça limites claros
Aprender a dizer “não” e a se proteger emocionalmente é fundamental. Relacionamentos saudáveis são construídos com liberdade e respeito, não com controle e medo.
5. Permita-se uma pausa
Às vezes, é preciso fazer uma pausa nos relacionamentos para reconstruir sua própria base emocional. Não para fugir do amor, mas para que, quando ele chegar, você esteja inteiro(a).
O amor começa dentro de você
Carl Rogers, psicólogo humanista, disse:
“O curioso paradoxo é que, quando me aceito como sou, então posso mudar.”
Esse é o ponto de virada. A transformação começa quando você se olha com gentileza e decide interromper o ciclo de dor. Você não precisa viver a mesma história de novo. Pode escrever uma nova, mais consciente, mais leve, mais verdadeira.
E não precisa fazer isso sozinho(a). No Instituto Hiddes você encontra o apoio terapêutico pode ser o impulso que faltava para você se libertar do passado e escolher um novo caminho no amor — um caminho que cura em vez de machucar.




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